sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CÁRCERE



          
Miliante segue cumprindo sua pena.
Sem habeas corpus.
Não sabe quando encerrará esta causa.
Julgado e condenado todos os dias pela sociedade hipócrita.
Mentiras.
Não cometeu os crimes de suas acusações.
Delação.
Porém, tudo o que diz em sua defesa é usado contra si próprio no tribunal social.
Sua voz, suas razões e suas verdades são gritos que vão e ressoam.
Vazio.
Ninguém quer ouvi-lo.
Silêncio.
Sociedade com sua própria realidade sem hospitalidade.
Demagogia.
Fica à procura do motivo da sua detenção.
Decisão de retroceder, de partir ao passado?
Redimir.
Preso em quatro paredes.
Sua casa, seu lar, lembranças do passado.
Tudo perdido, nada esquecido.
Desiludido.
Mulheres nuas são apenas figuras expostas nos calendários
Pendurados nas paredes
Nas paredes contabiliza seus dias.
Aflito.
Desesperado: agonia, depressão, temor.
Onde está sua crença?
Abandonado devido suas ideologias.
Metodologia.
Longe do seu habitual COTIDIANO,  a televisão virou uma triste rotina.
Acompanha as notícias pelos jornais, de um mundo assustador.
Cheio de crimes e injustiças sociais.
A sociedade continua livre.
Sobrevive.
Esforça-se para reduzir sua sentença.
Isso?
Nem por bom comportamento.
Muito trabalhando e pouco remunerado, sem compreensão.
A mesma sociedade que alimenta o seu corpo suga a sua alma.
Loucura.
Mentes insanas levando para a prisão.
Sem direito a perdão.
Ele só quer a sua salvação.


Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

Nenhum comentário: