sábado, 14 de fevereiro de 2015

CERTO OU ERRADO, O QUE IMPORTA






Ah, se eu pudesse despertar e abrir o arquivo da minha vida: chuvas, tempestade e trovoadas; e pudesse executar a função Ctrl+Z.
Teria o documento perfeito. O relato de uma vida bem vivida, o sol reinando.
Aproveitando cada momento, sorrindo e me divertindo. Teria vivido uma comédia romântica hollywoodiana com final feliz.

Teclaria Ctrl+Z e estaria guiando numa estrada apreciando a natureza com o vento frio batendo nos nossos rostos.
Cortando os bosques com suas folhas de outono.
A bela companhia ao meu lado, compartilhando o amor no mesmo objetivo com respeito.
Meu filho, passageiro nesta viagem da vida, este sim fiel companheiro.
Até mesmo nos duros erros da realidade que não são percebidos pelos descritos nos textos que não podem ser alterados.
Abrindo mão do conforto para prosseguir comigo mesmo não podendo executar a função Ctrl+Z para retornarmos no erro de alguns anos, somente depois detectado: mal planejado.

Mesmo que tenhamos este e outros erros apagados da memoria e perdoados, não poderiam ser esquecidos, pois servem para nos alertar e ensinar.
Além de nos ensinar, os erros nos faz conhecer o mundo e as pessoas: ingratidão ou compaixão. E, nem sempre solidários quando a preocupação é apenas egoísta – um mundo sem amor.

Ainda bem que não temos a função Ctrl+Z, deixaria de punir alguns injustiçados, pessoas sofridas, precipitados em algumas ações, entre tantos outros necessitados.
Mas também tornaria alguns hipócritas ainda mais poderosos na sua ânsia da corrupção.
Imagino o oportunista, egoísta, na sua fraude para beneficiar-se sem ao menos preocupar-se com a vida alheia.
Ou o criminoso na sua loucura de preparar a próxima vítima.

Executar a função Crtl+Z não tornaria a sociedade mais justa e perfeita, pelo contrário, tornaria a sociedade mais ambiciosa e manipuladora.

Nem assim, eu poderia seguir no meu caminho ensolarado de outono nas estradas que atravessam as florestas, ouvindo som de canções que alimentam a alma.
Tenho que peregrinar no desértico inverno solitário do caminho que tenho que seguir relatando palavras em documentos que serão arquivados na minha história.

E continuamos vivendo como num parque nem sempre divertido: dias de sol, outros talvez. Tentando desviar do lamaçal e das poças d´água que os dias de chuva deixaram.

E, prefiro mesmo que a vida não nos ofereça a função Ctrl+Z. A chuva em harmonia com o sol continua fazendo seu trabalho de regar a terra e produzir o verde.
Sem esta harmonia, encontramos terras secas ou alagadas, e ambas com dura vida.

O resultado final, sendo bom ou ruim, é fruto de uma ação, e não da intenção.

Na vida, podemos aprender com nossos erros das idas e vindas, mas nunca poderemos aprender alguma coisa quando nem ao menos tentamos e ficamos sentados observando pela janela e criticamos o sol e a tempestade!


Wagner Pires

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