sexta-feira, 27 de março de 2015

EM QUALQUER ESTAÇÃO




Ventos de outono que sacodem as árvores do coração
Derramam as folhas secas dos olhos vermelhos
Começa a descer a temperatura do corpo cansado
Da busca perdida do verão, em vão
Os insetos já fizeram suas reservas
Os animais buscam o abrigo
Momento de hibernar, dormir e sonhar
Esperando o cair da neve do inverno
Nada e ninguém para aquecer
Fria e solitária fuga
Talvez subir aos altos montes da mente
Enfrentar corajosamente as nuas estradas
Brancas, pálidas, um belo cenário
A paisagem do sentimento precário
Ao som das folhas secas que quebram o silêncio
Caminhos conhecidos
Rotina do mesmo roteiro
Escritos para desabafar
Palavras que não são notadas
Lábios que nem tentam sussurra-las
Porque não há ouvidos para ouvi-las
Descer desacompanhado aos vales da alma
Quem sabe, encontrar o bando que voa para o norte
Procurando o alimento que afugenta a morte
Rumando às flores da primavera
Que anunciam o próximo verão
Ficar à espera
Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

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