sexta-feira, 10 de abril de 2015

HORIZONTE




Meu grito em silêncio é assustador
Do tiro deflagrado no escuro
Injusto e covarde que me atingiu pelas costas
Perfurou o meu lado esquerdo
E o sangue escorrendo denúncia meu caminho
Vermelho sobre a branca areia da praia
Tentativa de esconder-me a espera de ajuda
Assustado só queria fugir sem rumo e sem destino
Mas com um único objetivo de parar e descansar
Apenas com um olhar vazio do infinito limite
Encontro do céu e o mar
Perseguido, seguido, não permitindo que dormisse
Faminto e aflito, corria em desespero perdido
Abrigar-me na cidade em meio à multidão só trouxe solidão
No campo desilusão e frustração
A cada dia doía ainda mais a ferida fazendo o sangue jorrar
Queria poder suportar
Uma dor para poder esquecer
Quanto mais apertava: menos cicatrizava, menor a esperança
Procuro o remédio, a cura para estancar a hemorragia
Que leva minha força e minha fé, que não reagia
Não destruiu a minha alma que mesmo cambaleante
Insiste em levantar-me após cada tropeço estonteante
Gostaria de me conduzir em direção à este mar
Na praia além das colinas
Refugiando sob o vento na escuridão da noite
Despertar deste aquecido, e nunca esquecido amor
Que me faz procurar o meu horizonte!

Wagner Pires
in, Roteiros de Uma Rotina

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