quinta-feira, 11 de junho de 2015

ASAS DA CRIAÇÃO




Rebentaram do casulo
Feito uma larva
Colorida entre as folhas, camuflada
Que fazem saltar às flores
Beleza discreta voa com leveza
Quase invisível procurando alimento e abrigo

Voo mais alto
De polo a polo, costa a costa
Solitário e veloz de olhar astuto
À espreita pela presa
Repousa sobre as copas das árvores
Para esconder-se no ninho nas montanhas

Correndo até a beira do abismo
Carregando sua asa
Saltando, conduzido pelo vento
Sentindo-o bater ao rosto
Liberto como a ave
Para aterrizar em praia de areia firme

Conhecendo todas as terras como um turista
Cortando as nuvens
Deixando seu gélido rastro
Por sobre os oceanos
O mundo se transforma em alguns segundos
Muitos povos de várias línguas

Transportado pela explosão do foguete
Vendo a Terra azul de cabeça para baixo
Observando-a como o Criador a sua criação
Flutuante sem gravidade
Uma vida que ainda é um sonho distante
Morar no limite do infinito

Deste infinito que transporta substâncias
Vem sem destino para lugar nenhum
Até onde possa se chocar
Numa bola de fogo de destruição
Transformar-se em vida
Como larvas surgindo do seu casulo!


Wagner Pires
in, Roteiros de Uma rotina

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